Os desafios do Ensino Superior particular no Brasil
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Os desafios do Ensino Superior particular no Brasil

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Sexta-feira, 17 de Maio de 2019
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Em constante ascensão nos últimos quinze anos, o Ensino Superior particular busca atender ao mercado, que solicita, cada vez mais, profissionais qualificados para o exercício das funções
Os desafios do Ensino Superior particular no Brasil

O Ensino Superior particular no Brasil responde por mais de 75% dos quase 8 milhões de estudantes do setor, sendo o Sudeste a região que concentra o maior número: quase 3 milhões de matrículas. Descrevê-lo é, no mínimo, uma tarefa árdua e complexa devido à diversidade de sua estrutura e organização. Para atingir tal objetivo, é preciso entender o contexto da educação no Brasil, levando em conta condições socioeconômicas, culturais e outras.

A primeira universidade brasileira funcionou apenas por três anos, no Estado do Paraná. Entretanto, em 11 de agosto de 1827, após aprovação pela Assembleia Geral do parlamento imperial, o imperador D. Pedro I sancionou a carta de lei, prevalecendo a ideia da criação de dois cursos jurídicos, um ao norte, em Olinda, e outro ao sul, em São Paulo. Em 1920, foi inaugurada a Universidade do Rio de Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, na capital fluminense, o que definitivamente marcou os rumos da Educação Superior no Brasil, sinalizando para o estabelecimento de uma nova era. A partir dos anos 1990, a Constituição de 1988 e a homologação de leis passaram a regular a Educação Superior, e houve a necessidade de flexibilização do sistema, ampliando-o, reduzindo o papel exercido pelo governo e melhorando os processos de avaliação com vistas à elevação da qualidade.

O desenvolvimento mais expressivo do Ensino Superior particular se deu nas últimas duas décadas, quando o número de Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil chegou a dobrar, atingindo, em 2014, aproximadamente 2.400 instituições. Esse número foi resultado do investimento e incentivo do governo federal aos programas de educação e da concessão de autorizações de funcionamento pelo Ministério da Educação.

Em constante ascensão nos últimos quinze anos, o Ensino Superior particular busca atender ao mercado, que solicita, cada vez mais, profissionais qualificados para o exercício das funções no competitivo mercado de trabalho. Em tantos anos, podemos reconhecer avanços significativos. Entretanto, ainda temos problemas que precisam ser enfrentados para que a Educação Superior no Brasil consiga atingir o crescimento e o objetivo a que se propõe — capacitar e qualificar profissionais para o mercado de trabalho e educar cidadãos, oferecendo-lhes um espaço permanente de aprendizagem de alto nível.

Em constante ascensão nos últimos quinze anos, o Ensino Superior particular busca atender ao mercado, que solicita, cada vez mais, profissionais qualificados para o exercício das funções no competitivo mercado de trabalho

A atuação profissional na sociedade do conhecimento em que vivemos implica uma visão sistêmica e articulada, em todos os seus níveis, ou seja, um Ensino Fundamental e Médio bem estruturados são fundamentais a um Ensino Superior de abrangência e excelência. Neste momento, faz-se necessário cumprir o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, que traz importantes avanços, mas igualmente pontos desafiadores que merecem ser aprimorados. Um dos pontos é o de fazer crescerem os investimentos em educação para o patamar de 10% do PIB até 2020.

Infelizmente, não adianta aumentar os investimentos no setor se os desvios de verba continuarem acontecendo. É preciso um rigor maior na forma como estão sendo feitos esses investimentos, garantindo o uso e destino correto deles. Além disso, é preciso inovar. O Ensino Superior, dentro desse novo cenário, é o que tem mais desafios, pois traz consigo a necessidade de readequação de visão sobre assuntos, atualizações profissionais e novo comportamento dos principais envolvidos: governo, instituições de ensino, professores, alunos e mercado de trabalho.

 

O Ensino Superior (...) é o que tem mais desafios, pois traz consigo a necessidade de readequação de visão sobre assuntos, atualizações profissionais e novo comportamento dos principais envolvidos: governo, instituições de ensino, professores, alunos e mercado de trabalho

Se pesquisarmos sobre outros países, veremos muitas histórias de sucesso e evolução. O que podemos copiar da educação chinesa, por exemplo? A China está, hoje, entre os países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento.

Reconhecer o bom modelo de educação no projeto chinês não significa estar de acordo com todos os elementos da sociedade chinesa, que inclui uma situação de subordinação da mulher e a pena de morte, por exemplo. Fato é que, em 2014, a China já havia igualado o total gasto pelos 28 países da União Europeia em investimentos em pesquisa e desenvolvimento, com 1,98% do PIB. Além disso, o país triplicou o investimento, desde 1995, alcançando 124 bilhões de euros. Com esses dados, a China continua muito atrás dos EUA e da UE, mas já está à frente do Japão, potência mundial que investiu 115 bilhões de euros.

Um outro detalhe importante e relevante é que, na China, há um currículo padronizado para as instituições. Esse modelo especifica o que deve ser ensinado em cada aula, com objetivos claros de habilidades e conhecimentos que o aluno deve dominar a cada semestre. E este não é um padrão apenas chinês, na maior parte do mundo é assim. O Brasil é um dos poucos países em que cada escola decide o que e como ensinar, gerando currículos genéricos.

Se cometermos o erro de banalizar o Ensino Superior particular e sua relevância, deixaremos de lado a importância de manter a qualidade do ensino e o reconhecimento dos esforços pessoais dos alunos na conquista do diploma de um nível superior. O mercado de trabalho quer, cada vez mais, profissionais completamente integrados à atualidade e às possibilidades que ela propõe para todas as áreas. Isso significa dizer que precisamos, cada vez mais, quebrar antigos preconceitos e buscar novos formatos.